Palestrante orientou os
profissionais sobre como lidar com a desatenção, hiperatividade e impulsividade
nas crianças
Na segunda noite de
palestras, nesta terça, 5, a 18ª Semana da Educação recebeu a médica psiquiatra
Ana Beatriz Barbosa Silva. A profissional falou a quase 800 pessoas sobre
Mentes inquietas – TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Dentre
inúmeras atividades, ela fez consultoria à novelista Glória Peres, em Caminho
das Índias, para a construção da personagem Yvone, uma psicopata, vivida pela
atriz Letícia Sabatella e, novamente, auxilia a autora em outro trabalho.
Ana Beatriz realizou uma
palestra descontraída. Filha de educadores, a médica destacou que o professor
pode perceber alguns sinais de TDAH nos alunos e, que nesse momento, o apoio e
afeto são fundamentais. “O afeto entre o docente e a criança com déficit de
atenção pode mudar tudo. Os portadores de TDAH são extremamente amorosos e
fazem tudo para agradar as pessoas”, explicou. Ao longo da apresentação,
orientou sobre como identificar alguns sintomas da doença e sobre como proceder
em sala de aula.
Logo no início revelou
que é portadora do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). O
diagnóstico foi aos 19 anos, quando participava de um congresso internacional.
“Fui ouvir um trabalho sobre suicídio infantil. No entanto, perdi o horário e
acabei entrando em outro. Quando vi, estava diante do professor John Ratey, um dos
maiores autores sobre TDAH. Parecia que falava sobre mim. No dia seguinte o
procurei, fiz alguns testes e fui diagnosticada. Voltei para o Brasil, comecei
a tomar os medicamentos e tudo mudou. É como ter miopia e não usar óculos. A
vida fica toda embaçada. Um dia você coloca os óculos e descobre que ela é
cheia de detalhes”, disse.
Sobre o TDAH
O TDAH inicia na infância
e os sintomas podem perdurar em 70% dos adolescentes e adultos. O transtorno
atinge tanto meninas quanto meninos. Em média, 6% da população em geral sofrem
com o problema. Entre crianças em idade escolar o índice pode variar entre 8 e
10%. “Quando adultos, não que os sintomas desapareçam, mas as pessoas aprendem
a lidar melhor com a situação. O déficit de atenção não tem cura. No entanto,
há tratamento”, explicou.
Público marca presença
Para a psicóloga Marina
Antunes Catunda Campos, este é um tema que não pode faltar na Semana da
Educação. “Palestras como esta trazem informações e esclarecem muitas dúvidas.
A psicologia estuda muito sobre o tema. Por isto, é importante ouvir
profissionais renomados falarem sobre TDAH. Uma equipe multidisciplinar é
necessária para o acompanhamento adequado dos estudantes”, defendeu.
Maria Isabel Marrique,
assistente de desenvolvimento da infância da Emeb Iracema Carvalho Arten,
também concorda com a psicóloga. “Após os ensinamentos da médica será possível
trabalhar melhor com as crianças portadoras de TDAH. A palestra veio nos dar
uma direção”, destacou.
Vera Cristina do Prado,
educadora na Emeb Cleonice Nascimento Pinto, afirma que o tema é uma preparação
para a inclusão de crianças. “Estas informações são importantes para trabalhar
o dia-a-dia em sala de aula”.
A Semana da Educação
ocorre anualmente e é realizada especialmente para os profissionais da rede
municipal. A próxima palestra, nesta quarta, 6, é de Gustavo Cerbasi – eleito
em 2009 um dos brasileiros mais influentes, segundo a revista Época.
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